Como Sócio Gerente da Kreston BA Argentina, tenho o prazer de apresentar o nosso guia abrangente, “Estabelecer um negócio na Argentina”. Nossa extensa experiência no mercado argentino, combinada com uma perspetiva global, nos posiciona de forma única para oferecer insights valiosos para navegar neste ambiente de negócios vibrante e em evolução.
A Argentina, com a sua paisagem diversificada e dinâmica, apresenta uma grande variedade de oportunidades para investidores e empresários. Desde a sua rica herança cultural até ao seu estatuto de terceira maior economia da América Latina, o país oferece inúmeras possibilidades de crescimento. No entanto, o sucesso na Argentina requer uma compreensão diferenciada dos seus quadros regulamentares, políticas fiscais e mudanças económicas.
O nosso guia foi concebido para ser um recurso essencial para qualquer pessoa que pretenda estabelecer ou expandir o seu negócio na Argentina. Fornece uma visão geral completa do clima de negócios local, incluindo as principais considerações legais e regulamentares. Os conhecimentos aqui apresentados foram concebidos para te ajudar a tomar decisões estratégicas informadas e garantir a conformidade com a legislação local.
Na Kreston BA, combinamos mais de 20 anos de experiência global com um profundo conhecimento local. Servimos como uma porta estratégica para o mercado argentino, oferecendo soluções sob medida para atender às tuas necessidades específicas. Nossa equipe bilíngüe e bicultural atua como uma ponte entre suas operações internacionais e o ambiente de negócios local, simplificando as complexidades e facilitando uma transição suave do planejamento para a operação completa.
Orgulhamo-nos da nossa capacidade de transformar os desafios do mercado em oportunidades de crescimento, e o nosso compromisso com a excelência reflecte-se nos nossos elevados padrões de serviço. Quer sejas uma empresa multinacional ou uma startup, o nosso guia pretende ser um companheiro valioso para atingir os teus objectivos de negócio na Argentina.
Convidamos-te a explorar este guia e a aproveitar a experiência que ele proporciona para desbloquear todo o potencial do mercado argentino.
Ricardo J. Gameroff Managing Partner, Kreston BA Argentina Global Chair Advisory Services Group, Kreston Global
Introdução
Objetivo do presente guia
O principal objetivo deste guia “Estabelecer uma empresa na Argentina” é oferecer aos leitores uma compreensão do ambiente empresarial do país, ajudando-os a tomar decisões informadas e a estabelecer e gerir uma empresa de sucesso na Argentina. Este guia fornece uma visão detalhada do cenário económico, político e legal da Argentina, destacando tanto as oportunidades como os desafios que os investidores estrangeiros podem encontrar. Aborda as várias entidades empresariais disponíveis na Argentina, descreve os requisitos de registo e conformidade, e explica os regulamentos laborais, a proteção da propriedade intelectual e as normas de contabilidade e relatórios financeiros aplicáveis às empresas.
Além disso, o guia oferece informações sobre o sistema de tributação da Argentina, incluindo os principais impostos, procedimentos de apresentação e pagamento, e incentivos e regimes fiscais disponíveis. Também ajuda os leitores a navegar pelos regulamentos de importação e exportação e a entender os acordos de dupla tributação entre a Argentina e outros países.
Embora este guia tenha como objetivo fornecer informações essenciais para apoiar decisões comerciais e estratégias de redução de riscos, é importante notar que as informações fornecidas se destinam apenas a orientação geral. Não deve ser considerada abrangente ou suficiente para fins de tomada de decisão e não substitui o aconselhamento profissional. Kreston BA Argentina se exime de qualquer responsabilidade por perdas resultantes de ações ou omissões baseadas no uso deste material.
Visão geral do país
Geografia e localização
A Argentina, o oitavo maior país do mundo em extensão territorial, está situada na América do Sul. Estendendo-se de 23°S (Trópico de Capricórnio) a 55°S (Cabo Horn), apresenta uma grande variedade de paisagens e climas.
A Cordilheira dos Andes, uma das mais longas cadeias montanhosas do mundo, forma a fronteira ocidental da Argentina com o Chile. A noroeste, a Bolívia faz fronteira com a Argentina, enquanto o Paraguai fica diretamente a norte. A nordeste e a leste, a Argentina faz fronteira com o Brasil e o Uruguai, respetivamente, e o Oceano Atlântico Sul
oferece um extenso litoral a leste.
Breve história
A história nacional da Argentina começou com a criação do Vice-Reino do Rio da Prata em 1776, que foi o último dos vice-reinados espanhóis nas Américas. Este vice-reinado abrangia o que é atualmente a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e partes da Bolívia. A busca pela independência começou em 1810 e foi alcançada em 1816, quando a Argentina se declarou independente da Espanha.
As décadas seguintes foram marcadas por conflitos civis, principalmente pelo controlo das receitas aduaneiras do país, que eram predominantemente cobradas em Buenos Aires.
O final do século XIX foi uma época de modernização e crescimento económico para a Argentina. Em 1880, o país estabeleceu novas instituições públicas e infra-estruturas, integrando-se na economia global como um grande exportador agrícola. Esta era, conhecida como a “Idade de Ouro”, viu a Argentina emergir como uma das nações mais ricas do mundo, impulsionada pelos altos preços das mercadorias, pela expansão das terras aráveis e pelo influxo de milhões de imigrantes europeus que enriqueceram o mercado de trabalho e a paisagem cultural.
O século XX trouxe desafios significativos. A Grande Depressão da década de 1930 afectou gravemente a economia argentina, resultando em instabilidade política e em frequentes mudanças entre governos civis e militares. O país adoptou uma estratégia de industrialização por substituição de importações (ISI) entre os anos 40 e 70, com o objetivo de promover as indústrias nacionais para diminuir a dependência de bens importados. Este período também assistiu à ascensão do peronismo, um movimento político iniciado por Juan Domingo Perón, que teve um impacto duradouro na política argentina.
No final da década de 1970 e início da década de 1980, sob uma ditadura militar, a Argentina transitou para um modelo económico de mercado aberto, eliminando muitas protecções para as indústrias nacionais. O regresso à democracia em 1983 deu início a uma nova era, mas o país deparou-se com obstáculos económicos significativos, incluindo a hiperinflação e a estagnação do crescimento do PIB. A década de 1990 trouxe reformas económicas sob o comando do Presidente Carlos Menem, incluindo a criação de um comité monetário que indexou o peso argentino ao dólar americano e uma vaga de privatizações.
A viragem do século foi marcada por turbulências económicas, culminando na crise financeira de 2001-2002, que levou ao abandono da ligação peso-dólar e a um incumprimento da dívida nacional. Na década seguinte, assistiu-se a um período de recuperação, impulsionado em grande parte pelo boom das matérias-primas. No entanto, a partir de 2012, o crescimento económico abrandou, acompanhado de desequilíbrios orçamentais e externos recorrentes.
Durante o mandato do Presidente Mauricio Macri (2015-2019), a Argentina procurou reintegrar-se no sistema financeiro mundial, com destaque para a sua presidência do G20 em 2018. Apesar destes esforços, os desafios económicos persistiram, levando a uma recessão na parte final do seu mandato. Em dezembro de 2019, Alberto Fernández tomou posse, enfrentando dificuldades económicas globais exacerbadas pela pandemia de COVID-19. A economia começou a recuperar em 2022, mas persistiram problemas macroeconómicos significativos.
Desde dezembro de 2023, o Presidente Javier Milei propôs uma série de reformas económicas e sociais arrojadas para enfrentar a crise económica do país. As suas principais medidas incluem a privatização de empresas públicas, a redução da despesa pública e a modernização das leis laborais. Além disso, procura eliminar os regulamentos em vários sectores para promover o crescimento económico e a eficiência.
Clima
O clima da Argentina reflecte a sua geografia diversificada. O país experimenta um amplo espetro de condições climáticas, variando de subtropical no norte a subantártico no sul. A região central, incluindo Buenos Aires, tem um clima temperado com verões quentes e invernos amenos. Durante o verão, as temperaturas normalmente variam de 27°C (81°F) a 32°C (90°F), mas podem ocasionalmente ultrapassar 38°C (100°F). Os invernos são geralmente amenos, sendo as geadas pouco frequentes. Em contrapartida, a região ocidental dos Andes e o sul da Patagónia registam temperaturas mais frias, sendo comum a queda de neve nas zonas montanhosas.
Recursos minerais e energéticos
A Argentina é rica em recursos naturais e é um grande produtor de petróleo e gás, detendo algumas das maiores reservas não convencionais do mundo. O país também está a investir significativamente em fontes de energia renovável, incluindo energia eólica, solar e hidroelétrica.
Além disso, a Argentina possui recursos minerais substanciais, como ouro, cobre e lítio, estabelecendo-se como um ator-chave no mercado global destes materiais essenciais. O país também produz chumbo, zinco, boratos, bentonita, argilas e vários materiais de construção.
Educação
A educação na Argentina é obrigatória e gratuita dos 4 aos 18 anos. O país tem um sistema de educação pública robusto, complementado por uma série de escolas e universidades privadas.
As universidades públicas na Argentina oferecem educação gratuita para cidadãos argentinos e residentes permanentes, embora propostas recentes tenham considerado a introdução de taxas para estudantes internacionais. O governo está atualmente a explorar reformas educativas, incluindo exames padronizados para os estudantes do ensino secundário e novos requisitos de entrada nas universidades públicas, com o objetivo de melhorar os padrões e os resultados educativos.
Sectores industriais proeminentes
A economia da Argentina é variada e robusta, com contribuições substanciais da agricultura, indústria e serviços. Os principais setores industriais incluem petroquímica, aço, processamento de alimentos, têxteis, metalurgia, cimento e materiais de construção. O país também é um importante produtor de produtos farmacêuticos, gases industriais, agroquímicos e componentes automotivos. A agricultura desempenha um papel crucial, estando a Argentina entre os principais produtores mundiais de soja, milho e carne bovina.
Além disso, a economia baseada no conhecimento está a crescer rapidamente, com pontos fortes emergentes no desenvolvimento de software, biotecnologia e indústrias criativas.
Governo e demografia
A Argentina é uma república federal composta por 24 províncias autónomas, incluindo a cidade de Buenos Aires, que é a capital. O país é governado por um sistema presidencialista, com o presidente como chefe de Estado e de governo.
O espanhol é a língua oficial e a moeda é o peso argentino (AR$). Em 2023, a Argentina terá uma população estimada em 46,2 milhões de habitantes, o que reflecte uma rica herança cultural influenciada pela sua história de imigração.
Ambiente económico e político
Panorama económico
A Argentina, a terceira maior economia da América Latina, tem uma história económica complexa marcada por ciclos de crescimento, recessão e hiperinflação. Os desafios persistentes, incluindo a inflação elevada, a desvalorização da moeda e os problemas de dívida, resultam de décadas de instabilidade política, de políticas económicas inconsistentes e de flutuações económicas globais que tiveram um impacto particular na economia dependente de matérias-primas do país.
Nos últimos anos, a Argentina tem enfrentado dificuldades económicas significativas. Uma grave seca em 2023 perturbou significativamente a produção agrícola – um sector crítico para a economia e o comércio externo – resultando numa perda de exportações estimada em 20 mil milhões de dólares e intensificando as pressões económicas existentes.
A eleição do Presidente Javier Milei no final de 2023 assinalou uma mudança substancial na política económica. A administração de Milei procura transformar a Argentina numa economia menos regulamentada e mais orientada para o mercado, sendo o sector privado o principal motor do crescimento. No centro desta nova política macroeconómica está a obtenção de um equilíbrio fiscal e a eliminação da emissão monetária para financiar a despesa pública.
Uma das primeiras medidas importantes da administração foi a desvalorização do peso em 50% em dezembro de 2023. Esta medida fazia parte de uma estratégia mais alargada para estabilizar a economia e reduzir a inflação, que tinha subido para 211% em 2023, o nível mais elevado dos últimos 32 anos. O Governo começou também a ajustar os preços regulamentados, incluindo os dos transportes e dos serviços públicos.
A partir de meados de 2024, o governo fez progressos notáveis na melhoria do equilíbrio fiscal. Nos primeiros cinco meses de 2024, a Argentina registou um excedente orçamental primário de 1,1% do PIB, um marco que não era alcançado desde 2008. Esta consolidação orçamental resultou numa redução da emissão monetária e num abrandamento da inflação. No entanto, persiste uma inflação elevada, com uma taxa projectada de 140% para 2024, embora isto represente uma diminuição significativa em relação ao ano anterior.
As perspectivas económicas imediatas continuam a ser difíceis. A atividade económica tem vindo a diminuir desde o quarto trimestre de 2023 e prevê-se que se mantenha negativa no primeiro semestre de 2024, devido aos efeitos recessivos das correcções de preços e das pressões inflacionistas. Para todo o ano de 2024, prevê-se uma contração do PIB de 4%. No entanto, prevê-se uma recuperação na segunda metade do ano, com um crescimento de 6% previsto para 2025, impulsionado pelo investimento e pelo consumo privado.
Apesar destes desafios, a Argentina tem um potencial de crescimento considerável em vários sectores-chave. O sector agrícola, capaz de alimentar 400 milhões de pessoas, deverá gerar cerca de 15 mil milhões de dólares em exportações adicionais até 2024, devido a uma excelente colheita prevista. O sector da energia também se mostra promissor, com o gasoduto Vaca Muerta, recentemente inaugurado, pronto a reduzir a dependência das importações de energia e a criar potencialmente um excedente de energia. Além disso, o sector mineiro, em particular a produção de lítio, é alvo de um rápido crescimento e de um aumento das exportações.
Espera-se que a ênfase do governo na consolidação fiscal e na melhoria das entradas de moeda estrangeira melhore o perfil da dívida da Argentina e torne os seus compromissos com os credores mais sustentáveis. Se forem bem sucedidas, estas medidas poderão conduzir a uma visão mais favorável por parte dos mercados internacionais, potencialmente impulsionando o sector financeiro e permitindo a expansão do crédito, o que poderá impulsionar um maior crescimento económico ao longo do tempo.
Para o futuro, a Argentina enfrenta desafios fundamentais, como a manutenção da consolidação orçamental, a substituição de impostos distorcivos, a consolidação dos cortes nas despesas e a eliminação das restrições do mercado cambial para promover um crescimento sustentável.
Para as empresas que pretendem entrar no mercado argentino, é importante reconhecer que, embora o ambiente económico a curto prazo permaneça volátil, as reformas em curso visam estabilizar a economia e promover o crescimento a médio e longo prazo.
A implementação bem sucedida destas reformas poderá colocar a Argentina num período de crescimento económico sustentado, em especial nos sectores da energia, da exploração mineira e da agricultura.
Uma reforma notável é a promulgação da Lei nº 27.742 em junho de 2024, conhecida como a “Ley de Bases y Puntos de Partida para la Libertad de los Argentinos”. Essa legislação estabelece uma estrutura abrangente para a reforma do Estado, com foco na reorganização administrativa, privatizações e melhorias no emprego registrado e na modernização do trabalho.
Uma componente fundamental desta lei é o Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI), introduzido para atrair grandes investimentos. O RIGI oferece várias vantagens aos investidores, incluindo uma redução da taxa do imposto sobre o rendimento das sociedades de 35% para 25%, isenções de direitos de importação sobre máquinas e equipamentos e reembolsos rápidos do IVA. Proporciona também estabilidade regulamentar por até 30 anos, criando um ambiente previsível e seguro para investimentos de longo prazo. O regime foi concebido para incentivar investimentos superiores a 200 milhões de dólares, com o objetivo de revitalizar a economia argentina e fazer avançar sectores estratégicos.
De um modo geral, estas alterações visam criar um ambiente económico mais favorável ao investimento e mais eficiente na Argentina.
Contexto político e jurídico
A Argentina funciona como uma república federal, com um governo dividido em três ramos distintos: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Poder Executivo
O poder executivo é chefiado pelo Presidente, que exerce as funções de chefe de Estado e de governo. O Presidente é eleito para um mandato de quatro anos e pode exercer um máximo de dois mandatos consecutivos.
Poder Legislativo
O Congresso Nacional da Argentina é uma legislatura bicameral, composta pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. O Senado é composto por 72 assentos, com três senadores eleitos de cada uma das 23 províncias e da Cidade de Buenos Aires, cada um com um mandato de seis anos. A Câmara dos Deputados tem 257 assentos, com representantes eleitos de acordo com a população e com mandatos de quatro anos. Os membros de ambas as câmaras são escolhidos através de eleições populares diretas.
Poder Judicial
O poder judicial é liderado pelo Supremo Tribunal de Justiça, que supervisiona os tribunais inferiores. O Supremo Tribunal de Justiça é responsável pela interpretação da Constituição e das leis relevantes da Argentina.
Divisão administrativa de Argentina
A Argentina está dividida em 23 províncias e a cidade de Buenos Aires, cada uma com a sua própria constituição e
estrutura governamental, reflectindo o sistema federal. Os governos provinciais funcionam com os poderes executivo, legislativo e judicial e estão subdivididos em unidades administrativas, como os municípios. Embora os municípios não sejam autónomos, gerem os seus próprios orçamentos e quadros administrativos.
Eleições presidenciais
As eleições presidenciais na Argentina realizam-se de quatro em quatro anos, com um sistema de segundo turno. Um candidato vence se obtiver 45% dos votos ou 40% com uma vantagem de mais de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Se nenhuma destas condições for cumprida, realiza-se uma segunda volta eleitoral para determinar o vencedor.
Quadro jurídico e regulamentar
Tipos de entidades empresariais
Entidades empresariais na Argentina
Na Argentina, tanto os investidores nacionais como os estrangeiros podem estabelecer entidades comerciais em condições comparáveis, embora as entidades estrangeiras devam cumprir requisitos específicos adicionais. A seguir, apresentamos uma visão geral do quadro regulamentar e das principais estruturas empresariais disponíveis.
Na Argentina, os direitos civis dos estrangeiros estão constitucionalmente salvaguardados. Para as pessoas colectivas, esta proteção está prevista no artigo 34.º do Código Civil, que reconhece como pessoas colectivas os estabelecimentos, as sociedades ou as associações estrangeiras.
Ao formar uma entidade empresarial na Argentina, é essencial determinar o tipo apropriado de estrutura empresarial. As empresas estrangeiras podem operar na Argentina estabelecendo uma Sucursal (Sucursal) ou incorporando uma Subsidiária. As subsidiárias são criadas através da formação de uma entidade empresarial local, sendo os tipos mais comuns as Sociedades Anónimas e as Sociedades de Responsabilidade Limitada.
Para estabelecer uma Sucursal ou uma Filial, é necessário formalizar a sua constituição através de um contrato escrito, que deve ser registado no Registo Público do Comércio da jurisdição onde se situa a sede da empresa.
Empresas (Sociedades Anónimas)
As sociedades anónimas na Argentina estão geralmente associadas a grandes empresas. O capital é dividido em acções, que podem ser herdadas, vendidas ou transferidas sem quaisquer restrições. A responsabilidade de cada acionista está limitada ao valor das acções com que contribui.
Não existe um limite máximo para o número de acionistas necessários para constituir uma sociedade, mas é necessário um mínimo de dois, que podem ser pessoas singulares ou colectivas. Para constituir uma sociedade anónima na Argentina, é necessário um capital mínimo de AR$ 30.000.000. Inicialmente, pelo menos 25% desse valor deve ser pago, e o saldo restante deve ser contribuído nos próximos dois anos.
Na estrutura de uma sociedade anónima, o Conselho de Administração, eleito pelos acionistas, é responsável pela gestão da empresa. Os acionistas são obrigados a reunir-se anualmente numa assembleia formal para tratar de assuntos da empresa. O Presidente da empresa actua como seu representante oficial e principal responsável executivo.
Sociedade de responsabilidade limitada (Sociedades De Responsabilidad Limitada)
Numa Sociedade de Responsabilidade Limitada (S.R.L.), o capital contribuído pelos sócios é dividido em quotas. Cada sócio pode adquirir tantas quotas quantas desejar, sendo a sua responsabilidade limitada exclusivamente ao montante dessas quotas.
Uma S.R.L. deve ter um mínimo de dois sócios e um máximo de cinquenta. Um ou mais gerentes devem ser nomeados como representantes legais da empresa.
Não existe um capital mínimo exigido, mas o capital deve ser adequado ao tipo de atividade que a empresa irá desenvolver. No momento da constituição da sociedade, é necessário efetuar uma entrada de pelo menos 25% do capital, devendo o saldo remanescente ser realizado nos dois anos seguintes.
Sucursal de uma empresa estrangeira (Sucursales)
A distinção entre uma sucursal e uma filial é substancial. Uma sucursal é um método comum para as empresas estrangeiras expandirem as suas operações, uma vez que permite a uma empresa-mãe operar em vários locais simultaneamente sem criar uma entidade jurídica separada. Para estabelecer uma sucursal, esta deve ser organizada de acordo com a legislação do seu país de origem, demonstrar a existência da empresa-mãe no estrangeiro, registar os seus estatutos no Registo Público do Comércio e nomear um representante legal. Normalmente, não existe um capital mínimo exigido para uma sucursal.
Proteção e regulamentação internacional
A Argentina oferece uma forte proteção jurídica aos investidores estrangeiros e aos seus investimentos. O país cultivou um ambiente favorável através da legislação local e de acordos internacionais, tornando-o um destino seguro para o capital estrangeiro. A Argentina assinou quase 60 tratados bilaterais de investimento (BITs) destinados a promover e proteger investimentos. Além disso, a Lei de Investimento Estrangeiro nº 21.382 oferece salvaguardas abrangentes para investimentos estrangeiros no país.
Desde que aderiu ao Centro Internacional para a Resolução de Litígios sobre Investimentos (ICSID) em 1994, a Argentina aderiu a um quadro internacional para a resolução de litígios envolvendo investidores estrangeiros. É também observadora do Comité de Investimento da OCDE desde 1996, o que demonstra o seu compromisso com as normas globais de investimento. Além disso, a Argentina é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) e do Grupo do Banco Mundial, que oferecem seguro para investimentos estrangeiros feitos por indivíduos ou entidades de países membros. Estas medidas sublinham o compromisso da Argentina em manter um ambiente de investimento estável e seguro para os investidores internacionais.
Este quadro regulamentar garante aos investidores nacionais e estrangeiros um acesso equitativo ao mercado argentino.
Regulamentação laboral
Âmbito de aplicação
A legislação trabalhista argentina, regida principalmente pela Lei nº 20.744 e suas alterações, aplica-se a todos os empregados que trabalham sob a direção de um empregador na Argentina. No entanto, esta legislação não abrange os trabalhadores da administração pública, os trabalhadores dos serviços domésticos ou os trabalhadores agrícolas, que são regulados pelas suas leis e regulamentos específicos.
Horas de trabalho
A jornada de trabalho na Argentina é regulamentada de maneira uniforme em todo o país pela Lei nº 11.544. A jornada de trabalho padrão é limitada a oito horas, com um máximo de 48 horas por semana. Os turnos noturnos, definidos como o trabalho realizado entre as 21h e as 6h, são limitados a sete horas por noite. Para os trabalhos classificados como insalubres, a semana de trabalho máxima permitida é de 36 horas, com um limite diário de seis horas.
As horas extraordinárias são remuneradas com um prémio de 50% nos dias normais e com um prémio de 100% nos sábados após as 13 horas, bem como nos domingos e feriados. O Decreto 484/00 limita as horas extraordinárias a um máximo de 30 horas por mês ou 200 horas por ano. Os trabalhadores têm direito a um período mínimo de descanso de 12 horas consecutivas entre dias de trabalho e não podem ser obrigados a trabalhar durante este período de descanso, exceto em casos de emergência ou acidentes iminentes.
Salários/remuneração
De acordo com a legislação argentina, a remuneração engloba todas as formas de compensação que um trabalhador recebe ao abrigo de um contrato de trabalho. Inclui pagamentos em dinheiro e benefícios em espécie, como alojamento ou refeições, que podem representar até 20% da remuneração total.
O salário mínimo é estabelecido por lei e, a partir de julho de 2024, é de AR$ 254.232. O empregador determina o salário bruto mensal, do qual são deduzidos os descontos legais para a previdência social (17%) e o imposto de renda (se aplicável). O salário líquido é o valor pago ao empregado após essas deduções.
As entidades patronais são obrigadas a manter um livro de salários especialmente registado, que deve ser carimbado oficialmente pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social. Além disso, as entidades patronais devem contribuir com 26,4% para a segurança social, que é separada dos 17% deduzidos dos salários dos trabalhadores.
Prémio anual (Aguinaldo)
A gratificação anual, designada por “Aguinaldo”, corresponde a 50% do maior salário mensal auferido pelo trabalhador em cada semestre, que termina em junho e dezembro. O montante da gratificação é proporcional ao tempo efetivamente trabalhado em cada semestre.
Férias
Na Argentina, os trabalhadores têm direito a um montante mínimo de férias anuais remuneradas, que aumenta em função do tempo de serviço. Inicialmente, os trabalhadores recebem 14 dias consecutivos de férias se tiverem até cinco anos de serviço. Este direito aumenta para 21 dias para os trabalhadores com mais de cinco e menos de dez anos de serviço, 28 dias para os trabalhadores com mais de dez e menos de vinte anos e 35 dias para os trabalhadores com mais de vinte anos de serviço. As convenções colectivas de trabalho podem igualmente prever períodos de férias mais longos.
Baixa por doença
Os trabalhadores incapacitados para o trabalho devido a doença ou acidente têm direito ao salário integral durante um período máximo de três meses se tiverem menos de cinco anos de serviço. Para os trabalhadores com mais de cinco anos de serviço, este período é alargado para seis meses. Se o trabalhador tiver pessoas a cargo, estes períodos são alargados para seis meses e doze meses, respetivamente.
Prestações familiares
Os trabalhadores incapacitados para o trabalho devido a doença ou acidente têm direito ao salário integral durante um período máximo de três meses se tiverem menos de cinco anos de serviço. Para os trabalhadores com mais de cinco anos de serviço, este período é alargado para seis meses. Se o trabalhador tiver pessoas a cargo, estes períodos são alargados para seis meses e doze meses, respetivamente.
Indemnização por despedimento
Ao despedir um trabalhador sem justa causa, as entidades patronais são obrigadas a pagar uma indemnização por despedimento com base no tempo de serviço e no salário bruto do trabalhador. Tradicionalmente, este pacote de indemnização inclui um mês de salário bruto por cada ano de serviço, ou um montante proporcional por qualquer fração de ano que exceda os três meses. Para rescindir unilateralmente um contrato de trabalho, a entidade patronal deve avisar com antecedência ou pagar uma indemnização em vez de aviso prévio. Tanto a demissão como o despedimento de um trabalhador devem ser formalmente comunicados por escrito.
Contribuições para a segurança social
As entidades patronais são obrigadas a contribuir com um total de 26,4% para a segurança social de todos os trabalhadores, para além dos 17% deduzidos dos salários dos trabalhadores. Esta contribuição é destinada a vários fundos, incluindo o Fundo de Pensões (Fondo de Pensiones), a Caixa de Subsídio Familiar (Caja de Subsidio Familiar), o Sistema de Seguro de Saúde (Régimen de Salud), o Instituto de Pensões (Instituto de Pensiones) e o Fundo Nacional de Emprego (Fondo Nacional de Empleo).
Os descontos para a segurança social dos trabalhadores são geridos através do Sistema Integrado de Pensões e Reformas. Além disso, as entidades patronais são obrigadas a assegurar um seguro de acidentes de trabalho, cujos prémios são fixados pela companhia de seguros em função da categoria de risco da empresa. É igualmente exigido um seguro de vida coletivo obrigatório para os trabalhadores.
Tipos de contratos de trabalho
A Lei do Trabalho n.º 20.744 da Argentina especifica vários tipos de contratos de trabalho:
Contratos de duração indeterminada: Estes contratos-tipo não têm uma data final pré-determinada. Começam com um período de estágio de seis meses, que pode ser alargado a oito meses para as empresas com seis a cem trabalhadores e a doze meses para as empresas com cinco ou menos trabalhadores. Durante este período de estágio, tanto a entidade patronal como o trabalhador são obrigados a efetuar contribuições para a segurança social.
Contratos a tempo parcial: Estes contratos aplicam-se aos trabalhadores que trabalham menos horas do que os trabalhadores a tempo inteiro. Os trabalhadores a tempo parcial têm direito a prestações proporcionais ao número de horas trabalhadas.
Contratos sazonais: Destinados a trabalhos que dependem de épocas ou períodos específicos do ano, estes contratos são válidos apenas para a duração do trabalho sazonal e terminam automaticamente no final da época, sem aviso prévio.
Proteção da propriedade intelectual
Marcas registadas e nomes comerciais
Na Argentina, as marcas registadas e os nomes comerciais são regulados pela Lei n.º 22.362 e pelos seus regulamentos associados. Esta lei confere aos proprietários de marcas comerciais direitos exclusivos mediante registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Os registos de marcas são válidos por dez anos a partir da data de emissão e podem ser renovados indefinidamente em intervalos de dez anos, desde que sejam cumpridos requisitos específicos de utilização.
Patentes e modelos de utilidade
A Lei n.º 24.481 regula as patentes e os modelos de utilidade na Argentina. Especifica que as patentes são concedidas a invenções que sejam novas, não óbvias e passíveis de aplicação industrial. A proteção das patentes tem a duração de 20 anos a partir da data do pedido. Os requerentes estrangeiros têm de estabelecer um domicílio legal na Argentina para apresentar um pedido de patente, e a patente tem de ser registada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para poder ser oponível a terceiros.
Patentes farmacêuticas
As patentes farmacêuticas na Argentina estão sujeitas a regulamentos específicos para além das regras gerais de patentes. Resoluções conjuntas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), do Ministério da Produção e do Ministério da Saúde (n.º 118/2012, 546/2012 e 107/2012) definem requisitos e limitações adicionais para o registo de patentes de
invenções farmacêuticas. Estes regulamentos impõem critérios mais rigorosos a certos tipos de patentes farmacêuticas para garantir o alinhamento com as normas da indústria.
Desenhos e modelos industriais
Os certificados de desenho industrial e de modelo salvaguardam os elementos de design visual dos produtos. Os requerentes devem estabelecer um domicílio legal em Buenos Aires. Se o desenho ou modelo não tiver sido utilizado ou divulgado anteriormente na Argentina, o certificado confere proteção durante cinco anos, com a possibilidade de duas renovações por períodos adicionais de cinco anos cada.
Os pedidos de renovação devem ser apresentados o mais tardar seis meses antes do termo do prazo em curso. Para desenhos registados no estrangeiro, deve ser apresentado um pedido equivalente na Argentina no prazo de seis meses.
Direitos de autor
Na Argentina, a proteção dos direitos de autor é regida pela Lei n.º 11.723 e respectivas alterações. Esta lei abrange um vasto leque de obras, incluindo criações científicas, literárias, artísticas e educativas, e garante a proteção independentemente do método de reprodução.
Contabilidade e informação financeira
Normas Argentinas de Contabilidade Profissional
Na Argentina, os princípios contabilísticos são definidos pela Federação Argentina de Conselhos Profissionais de Ciências Económicas (FACPCE). A FACPCE emite normas de contabilidade e de auditoria, que são depois aprovadas pelos Conselhos Profissionais de Ciências Económicas (CPCE) de cada província.
As normas de contabilidade da Argentina são regidas pela Resolução Técnica nº 54 (RT 54), também conhecida como Norma Unificada de Contabilidade Argentina (NUA). A RT 54 está organizada em três secções principais:
Título I: Estabelece regras gerais para a elaboração de demonstrações financeiras aplicáveis a todos os tipos de entidades.
Título II: Aborda procedimentos e orientações específicos para questões e operações contabilísticas particulares.
Título III: Contém regras contabilísticas específicas do sector.
A RT 54 substitui a maioria, mas não todas, as resoluções anteriores sobre normas contabilísticas. A RT 54 foi actualizada pela RT 56, que introduz aperfeiçoamentos e clarificações adicionais para melhorar a clareza e a facilidade de utilização das normas. De acordo com a RT 54, tal como alterada pela RT 56, as novas normas contabilísticas tornar-se-ão obrigatórias para as demonstrações financeiras preparadas para períodos fiscais com início em ou após 1 de julho de 2024.
O RT 54 e as suas alterações foram concebidos para unificar e racionalizar as normas contabilísticas argentinas, proporcionando uma abordagem mais clara e estruturada à informação financeira. A estrutura actualizada centra-se na simplicidade e facilidade de utilização, tornando-a mais acessível a vários tipos de entidades, incluindo pequenas e médias empresas.
Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS)
Em 15 de agosto de 2023, a Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV) da Argentina emitiu a Resolução Geral nº 972/2023 (Resolução 972) para estabelecer diretrizes para a apresentação de demonstrações financeiras por emissores de ações e/ou obrigações negociáveis. A Resolução 972 exige que essas entidades preparem suas demonstrações financeiras de acordo com o RT 26 e suas emendas, que determinam a adoção das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS) emitidas pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB).
No entanto, as Pequenas e Médias Empresas (PME) registadas na CNV que estejam cotadas num regime diferenciado estão isentas deste requisito. Outras isenções aplicam-se a entidades regidas por regras contabilísticas de outros organismos reguladores, incluindo instituições financeiras, companhias de seguros, cooperativas e associações civis.
As entidades não obrigadas a adotar as IFRS podem optar por fazê-lo voluntariamente ou aderir às normas contabilísticas profissionais locais. Para as entidades que adoptam as IFRS – obrigatória ou voluntariamente, incluindo as IFRS para PME – as normas devem ser aplicadas na íntegra e sem alterações.
Este quadro regulamentar alinha as práticas de informação financeira da Argentina com as normas internacionais, melhorando a transparência e a comparabilidade para os investidores e as partes interessadas nos mercados de capitais argentinos.
Apresentação e auditoria das demonstrações financeiras
Apresentação das demonstrações financeiras
Na Argentina, o quadro regulamentar para a apresentação de demonstrações financeiras está estruturado da seguinte forma:
As sociedades anónimas devem apresentar as suas demonstrações financeiras anuais à Inspeção-Geral de Justiça (IGJ). Este requisito aplica-se igualmente às Sociedades de Responsabilidade Limitada (SRL) com um capital superior a 2 mil milhões de dólares australianos.
As empresas que emitem acções e/ou títulos de dívida são obrigadas a apresentar os seus balanços financeiros anuais e trimestrais à Comisión Nacional de Valores (CNV), que regula o mercado de valores mobiliários.
As companhias de seguros devem apresentar as suas demonstrações financeiras anuais e trimestrais à Superintendencia de Seguros de la Nación (SSN), a entidade reguladora nacional dos seguros.
As instituições financeiras são obrigadas a fornecer as suas demonstrações financeiras anuais e trimestrais ao Banco Central da Argentina (BCRA).
Estes regulamentos foram concebidos para garantir a transparência e a responsabilidade, promovendo uma supervisão eficaz e mantendo a confiança dos investidores nos mercados financeiros da Argentina.
Auditoria das demonstrações financeiras
Na Argentina, a Inspección General de Justicia exige que as empresas (Sociedades Anónimas) sujeitas a supervisão contínua nos termos do artigo 299.º da Lei das Sociedades Comerciais n.º 19.550 tenham as suas demonstrações financeiras auditadas por um contabilista público independente licenciado (CPA). De acordo com o artigo 299, as seguintes empresas são obrigadas a cumprir este regulamento:
Empresas que fazem uma oferta pública das suas acções ou obrigações.
Empresas com um capital superior a AR$ 2 mil milhões.
Empresas públicas.
Sociedades de capitalização, de poupança ou que solicitem fundos ou títulos ao público com promessas de benefícios futuros.
Empresas que exploram concessões ou serviços públicos.
Empresas-mãe ou filiais de entidades abrangidas por qualquer uma das categorias acima referidas.
Além disso, as Sociedades de Responsabilidade Limitada com um capital superior a AR$ 2 mil milhões, que são obrigadas a apresentar as suas demonstrações financeiras ao IGJ, devem também ter as suas demonstrações auditadas por um CPA independente.
As entidades que apresentam demonstrações financeiras anuais e trimestrais à Comisión Nacional de Valores (CNV), à Superintendencia de Seguros de la Nación (SSN) e ao Banco Central da Argentina (BCRA) devem obter um relatório de auditoria (para as demonstrações anuais) ou um relatório de revisão (para as demonstrações trimestrais) emitido por um CPA independente.
Fiscalidade
Principais impostos
Na Argentina, a tributação ocorre em três níveis: nacional, provincial e municipal.
Impostos nacionais:
Imposto sobre o rendimento (Impuesto a las ganancias): Aplica-se tanto a pessoas singulares como a empresas.
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) (Impuesto al Valor Agregado): Impõe-se sobre a venda de bens e serviços.
Imposto sobre o património (Impuesto sobre los bienes personales): Aplica-se aos bens pessoais.
Impostos especiais de consumo (Impuestos internos): Incide sobre bens e serviços específicos.
Imposto sobre as transacções bancárias (Impuesto sobre los créditos y débitos bancarios): Aplica-se às transacções financeiras.
Impostos de importação e exportação (Impuestos aduaneros): Impostos sobre os bens importados para a Argentina ou exportados da Argentina.
Impostos provinciais e municipais:
Imposto sobre o volume de negócios (Ingresos brutos): Tributa o total das receitas brutas geradas pelas empresas.
Imposto imobiliário (Impuesto inmobiliario): Cobrado sobre a propriedade de imóveis.
Imposto de selo (Impuesto de sellos): Aplicado a determinados documentos e transacções legais.
Imposto sobre os veículos (Impuesto sobre los automóviles): Impostos sobre a propriedade de veículos.
Estes impostos fazem parte da estrutura fiscal abrangente da Argentina, afectando indivíduos e empresas em vários níveis de governo.
Procedimentos de declaração e pagamento de impostos
O sistema fiscal argentino funciona com base no princípio da autoavaliação. Os contribuintes são obrigados a apresentar declarações fiscais anuais ou mensais para declarar o seu rendimento tributável, determinar a sua obrigação fiscal, reclamar quaisquer impostos retidos ou pagos antecipadamente e liquidar quaisquer montantes pendentes.
As declarações de imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas devem ser apresentadas no prazo de cinco meses após o final do ano fiscal da empresa. Para as pessoas singulares, o ano fiscal corresponde ao ano civil.
Os indivíduos cujos rendimentos provêm exclusivamente de salários não são obrigados a apresentar uma declaração de rendimentos separada se os seus rendimentos forem inferiores a determinados limiares. Nestes casos, a entidade patronal é responsável pela retenção mensal do imposto sobre o rendimento, sendo esta retenção considerada definitiva.
Os contribuintes estrangeiros não estabelecidos na Argentina estão isentos de apresentar uma declaração de impostos se o seu imposto sobre o rendimento for totalmente coberto por impostos retidos na fonte sobre rendimentos de origem argentina.
Cálculo do imposto
A legislação fiscal especifica as regras para o cálculo dos impostos, baseando-se geralmente em factos documentados, como os que constam dos registos contabilísticos ou dos documentos comprovativos do contribuinte. Se um contribuinte não fornecer informações detalhadas, mantiver registos contabilísticos insuficientes, ou se as informações ou registos forem inexactos ou incompletos, as autoridades fiscais podem utilizar presunções legais para avaliar a responsabilidade fiscal do contribuinte.
Imposto sobre o rendimento das sociedades (Impuesto a las ganancias)
Na Argentina, as empresas estão sujeitas ao imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas sobre o seu rendimento líquido tributável. O sistema fiscal é caracterizado por regulamentos específicos sobre distribuição de dividendos, tributação territorial e preços de transferência.
As empresas residentes são tributadas sobre os seus rendimentos a nível mundial, enquanto as empresas estrangeiras são tributadas apenas sobre os rendimentos obtidos na Argentina. O sistema inclui disposições relativas a impostos com retenção na fonte sobre os dividendos, taxas progressivas de imposto sobre as sociedades e regras para as mais-valias e menos-valias.
Além disso, os créditos fiscais estrangeiros estão disponíveis para reduzir as obrigações fiscais e os regulamentos relativos aos preços de transferência asseguram que as transacções entre empresas têm um preço adequado.
Empresas residentes: As empresas que operam na Argentina são tributadas sobre os seus lucros, incluindo os rendimentos de sucursais e filiais estrangeiras.
Os rendimentos das filiais estrangeiras são geralmente tributados apenas aquando da distribuição de dividendos. No entanto, se a filial estiver num paraíso fiscal, as regras de transparência fiscal argentinas exigem que a empresa argentina seja tributada sobre a sua parte do rendimento da filial, independentemente da distribuição de dividendos.
Dividendos: Os dividendos distribuídos por empresas residentes a entidades ou indivíduos estrangeiros estão sujeitos a retenção na fonte, atualmente fixada em 7%.
Taxas de imposto: As empresas, incluindo as controladas por entidades estrangeiras, são tributadas a taxas progressivas que variam entre 25% e 35%.
Mais-valias: As mais-valias não são tributadas separadamente, mas estão incluídas no imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas e sujeitas às taxas vigentes de 25% a 35%.
Perdas: As perdas não podem ser aplicadas a períodos anteriores, mas podem ser transportadas até cinco anos.
Créditos de impostos estrangeiros: As empresas residentes podem creditar os impostos sobre o rendimento estrangeiro contra a sua obrigação fiscal argentina, limitada ao aumento da obrigação fiscal atribuível à inclusão de rendimentos de origem estrangeira. Os créditos de impostos estrangeiros não podem ser aplicados a períodos anteriores, mas podem ser transportados por até cinco anos.
Empresas não residentes: As empresas estrangeiras são tributadas apenas sobre os rendimentos gerados na Argentina. As retenções na fonte são aplicadas a várias taxas, consoante o tipo e a origem dos rendimentos.
Requisitos contabilísticos: As empresas constituídas ao abrigo da legislação argentina, bem como as sucursais estrangeiras e os estabelecimentos permanentes, são consideradas residentes para efeitos fiscais e devem manter registos contabilísticos separados na Argentina.
Rendimentos empresariais: Os rendimentos empresariais englobam os lucros da venda de bens, activos amortizáveis, acções ou imóveis; dividendos de empresas não residentes; juros; royalties e taxas; e ganhos cambiais.
Regras dos preços de transferência
A regulamentação argentina em matéria de preços de transferência segue, em geral, o princípio da plena concorrência estabelecido pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE). Estes regulamentos exigem que as transacções entre empresas sejam avaliadas como se fossem realizadas entre partes não relacionadas.
As regras em matéria de preços de transferência são aplicáveis quando uma empresa argentina efectua transacções com (i) uma empresa relacionada situada no estrangeiro, ou (ii) uma empresa não relacionada situada numa jurisdição com baixos impostos ou considerada “não cooperante” para efeitos de transparência fiscal. Presume-se que as transacções que envolvem entidades relacionadas ou entidades não relacionadas em jurisdições com baixos impostos ou não cooperantes não estão em condições de concorrência, a menos que sejam fornecidas provas em contrário. As jurisdições com baixos impostos são aquelas com uma taxa de imposto sobre o rendimento das sociedades inferior a 15%. As jurisdições não cooperativas incluem qualquer país ou jurisdição que não tenha celebrado um acordo com a Argentina para a troca de informações fiscais ou um tratado de dupla tributação que preveja a troca abrangente de informações. Esta categoria também inclui países que têm tais acordos, mas não cumprem os requisitos de troca de informações.
Para demonstrar o cumprimento do princípio da plena concorrência, as empresas devem apresentar relatórios pormenorizados acompanhados de documentos comprovativos. Além disso, deve ser elaborado um relatório anual sobre os preços de transferência por um contabilista ou economista independente.
Imposto sobre o Valor Acrescentado (Impuesto al Valor Agregado, IVA)
Na Argentina, o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) é um imposto de consumo abrangente aplicado a uma vasta gama de transacções no país. A taxa normal do IVA é de 21%, cobrada sobre o valor de venda de bens e serviços, incluindo serviços profissionais. Esta taxa também se aplica à importação de bens e serviços para a Argentina.
Os serviços digitais, como o alojamento em linha, o apoio técnico, os serviços de software e os serviços de Internet prestados por entidades não residentes a clientes argentinos estão sujeitos ao IVA à mesma taxa de 21% se forem utilizados na Argentina.
Existem excepções à taxa geral, incluindo uma taxa reduzida de IVA de 10,5% para certos bens e actividades, como a construção de edifícios residenciais. Esta taxa reduzida aplica-se igualmente aos juros e comissões de empréstimos de instituições financeiras, bem como aos bens de equipamento, quer sejam importados ou produzidos localmente.
Certos serviços, nomeadamente os serviços de utilidade pública como a eletricidade, o gás natural e a água utilizados para actividades comerciais, estão sujeitos a uma taxa de IVA mais elevada de 27%.
No caso das exportações, tanto os bens como os serviços são tributados a uma taxa de 0%, o que significa que o IVA não é cobrado sobre estas transacções. Isto permite às empresas recuperar o IVA pago sobre os factores de produção conexos através de reembolsos ou créditos fiscais. O IVA a montante relacionado com as exportações pode ser creditado contra o IVA a jusante ou reembolsado.
Imposto sobre o património (Impuesto sobre los bienes personales)
Na Argentina, os residentes são tributados sobre os seus activos globais, enquanto os não residentes são tributados apenas sobre os activos dentro do país. Os não residentes estão sujeitos a taxas de imposto progressivas, que podem ir até 2,25%. Para as empresas locais, o imposto sobre as acções e outras participações sociais detidas por acionistas não residentes é tratado pela própria empresa. Este imposto é aplicado a uma taxa de 0,50% do património líquido da empresa.
Imposto especial de consumo (Impuestos internos)
Na Argentina, vários produtos estão sujeitos a diferentes taxas de impostos especiais de consumo. Estes incluem produtos de tabaco, bebidas alcoólicas, bebidas não alcoólicas (tais como refrigerantes, xaropes, extractos e concentrados), serviços de seguros, serviços de telecomunicações (tanto celulares como por satélite), bens de luxo, automóveis e motores, barcos de recreio e desportivos e aeronaves. O imposto especial de consumo é aplicado à venda destes artigos em todo o país, mas é imposto apenas numa fase do processo de distribuição. O montante do imposto é determinado pela aplicação da taxa especificada à base tributável, que é claramente definida pela Lei n.º 24.674 para cada categoria de produto.
Impostos de importação e exportação (Impuestos aduaneros)
Regulamentos de importação
A Argentina utiliza os códigos do Sistema Harmonizado (SH) para classificar as mercadorias e determinar os direitos aduaneiros, seguindo a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) aplicável aos países membros do Mercosul. Os direitos de importação variam entre 0% e 35% e baseiam-se no valor CIF (custo, seguro e frete) das mercadorias. Pode também ser aplicada uma taxa estatística de 3%, sujeita a limites máximos específicos.
As importações estão sujeitas ao IVA, que pode ser de 21% ou 10,5%, consoante o tipo de mercadoria. O IVA é calculado sobre o valor aduaneiro total, os direitos de importação e a taxa estatística. Algumas mercadorias podem também estar sujeitas a impostos internos.
Para as importações, é exigido o pagamento antecipado de impostos específicos, incluindo o IVA, o imposto sobre o rendimento e o imposto sobre o rendimento bruto. Estes pagamentos antecipados funcionam como adiantamentos contra as obrigações fiscais anuais do importador. Por exemplo, os pagamentos antecipados do imposto sobre o rendimento funcionam como créditos contra a dívida fiscal anual relativa ao imposto sobre o rendimento. Contudo, estes pagamentos antecipados não se aplicam a bens classificados como “activos fixos” ou se o importador possuir determinados certificados de isenção fiscal. A taxa de pagamento antecipado do IVA é de 20% ou 10%, a taxa de pagamento antecipado do imposto sobre o rendimento é de 6% e a taxa de pagamento antecipado do imposto sobre o rendimento bruto é de 2,5%.
Aplicam-se regras especiais ao comércio no âmbito do Mercosul, onde a taxa do direito de importação é de 0% e o imposto estatístico não é aplicável. Os produtos elegíveis devem ter um certificado de origem de um país membro do Mercosul, indicando que uma parte significativa do processo de fabrico ocorreu num país membro.
Em 2024, a Argentina reformulou seu processo de importação, substituindo o Sistema de Importaciones de la República Argentina (SIRA) por um novo sistema conhecido como “SEDI” (Sistema Estadístico de Importaciones). Essa mudança foi feita para criar um processo mais transparente e eficiente, eliminando a necessidade de licenças ou autorizações de importação e alinhando as práticas comerciais da Argentina com os padrões globais. O SEDI foi concebido para reduzir os obstáculos burocráticos e a possibilidade de corrupção no processo de importação. Ao eliminar as antigas exigências de licenças, a Argentina agora atende aos padrões de administração comercial estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), tornando o processo mais simples para as empresas.
Ao abrigo do novo sistema, os importadores são obrigados a apresentar uma declaração juramentada informativa através do portal SEDI no sítio Web da AFIP (Administração Federal das Receitas Públicas). Esta apresentação fornece dados antecipados que melhoram a avaliação do risco aduaneiro, ajudando a acelerar o desalfandegamento das mercadorias.
Embora a SEDI elimine muitas restrições anteriores, ela mantém salvaguardas essenciais relacionadas à segurança e à saúde dos produtos importados. Órgãos reguladores como SENASA, ANMAT e INAL continuarão a realizar análises técnicas para garantir que todos os produtos importados estejam em conformidade com as normas de saúde e segurança da Argentina.
Regulamentos de exportação
A Argentina impõe direitos de exportação sobre uma série de produtos, com especial incidência no sector agroindustrial. Estes direitos, vulgarmente conhecidos como “Retenciones”, são impostos aplicados na alfândega aos bens exportados para fora do país, incluindo produtos essenciais como o trigo, o milho, a soja e os seus derivados. O imposto é calculado com base na quantidade declarada e no preço internacional atual, sendo o montante do imposto determinado pela aplicação de uma percentagem específica ao valor das mercadorias.
As taxas destes direitos de exportação variam em função do produto exportado e a responsabilidade pelo pagamento do imposto recai sobre o indivíduo ou a empresa que vende as mercadorias no estrangeiro.
Em agosto de 2024, os direitos de exportação sobre a carne de bovino, a carne de suíno e os produtos lácteos foram totalmente eliminados, enquanto as taxas foram reduzidas para outros produtos agro-industriais.
Imposto sobre o volume de negócios (Ingresos brutos)
Os governos provinciais da Argentina impõem impostos sobre as receitas das empresas, com taxas que variam consoante o tipo de atividade e a jurisdição. A Argentina está dividida em 24 jurisdições, cada uma com a sua própria regulamentação fiscal. Este imposto provincial é aplicável ao rendimento gerado por actividades comerciais normais realizadas nessas jurisdições.
Nos casos em que este imposto se aplica e não existem isenções, as taxas gerais são as seguintes: cerca de 1% para a agricultura, pecuária, minas e outras actividades primárias; 1,5% para as actividades industriais; 3% a 5% para o comércio e serviços gerais; e 5,5% a 8% para as actividades financeiras e de intermediação.
Estas taxas são calculadas com base no rendimento bruto total obtido durante o ano civil. As exportações estão isentas deste imposto.
Acordos de dupla tributação
A Argentina celebrou acordos com vários países para evitar a dupla tributação. Estes acordos estão atualmente em vigor com a Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Finlândia, França, Países Baixos, Itália, México, Noruega, Qatar, Reino Unido, Rússia, Suécia, Suíça e Uruguai.
Restrições cambiais
Nos últimos anos, a elevada inflação levou o público a investir em moeda estrangeira para proteger o seu valor, levando a uma escassez de divisas na economia. Em resposta, o Banco Central impôs restrições rigorosas às transacções em moeda estrangeira, incluindo as relativas a dividendos, bens e serviços. Os principais regulamentos cambiais actuais incluem:
As receitas da exportação de mercadorias devem ser depositadas e liquidadas no mercado cambial dentro de prazos específicos, em função da classificação pautal das mercadorias exportadas. Estes prazos variam entre 15, 30, 60, 180 e 365 dias de calendário. Se um exportador receber o pagamento antes do prazo especificado, as divisas devem ser depositadas e liquidadas no prazo de 5 dias úteis.
As receitas dos serviços de exportação devem ser depositadas e liquidadas no prazo máximo de 5 dias úteis a contar da data de receção ou crédito em contas no estrangeiro.
É necessária uma autorização prévia para o pré-pagamento de dívidas relacionadas com a importação de bens e serviços.
É necessária a aprovação do Banco Central (BCRA) para a remessa de lucros e dividendos.
Para os pagamentos diferidos de novas importações de mercadorias, com registo de entrada nas alfândegas a partir de 13 de dezembro de 2023, será permitido o acesso ao mercado cambial sem autorização prévia do BCRA.
Incentivos fiscais
Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI)
Em julho de 2024, o Diário Oficial da Argentina publicou a Lei 27.742, intitulada “Bases e pontos de partida para a liberdade dos argentinos”, que introduz o Título VII sobre o Regime de Incentivos a Grandes Investimentos (RIGI). Os principais aspectos do RIGI são descritos a seguir.
Para mais pormenores, recomendamos que revejas o texto publicado.
Nota: as informações fornecidas estão sujeitas a esclarecimentos e interpretações adicionais à medida que os regulamentos forem sendo desenvolvidos pelo Ministério da Economia e outras agências relevantes. Além disso, uma Autoridade de Execução será nomeada pelo Presidente da Argentina para avaliar e resolver os pedidos de RIGI e para fornecer esclarecimentos adicionais, se necessário.
O RIGI inclui vários elementos-chave:
Objetivo: Estabelecer condições de previsibilidade, estabilidade e segurança jurídica para projectos de grande dimensão, mitigar potenciais incumprimentos por parte do Estado e fomentar o desenvolvimento de cadeias de abastecimento locais.
Incentivos especiais: Disponíveis para grandes projectos de investimento em oito sectores estratégicos: silvicultura, turismo, infra-estruturas, minas, tecnologia, aço, energia e petróleo e gás.
Candidatos elegíveis: Inclui sociedades, sucursais de sociedades estrangeiras, associações temporárias de empresas e empresas concessionárias de infra-estruturas ou serviços, desde que constituídas exclusivamente para a realização de um único projeto de longa duração classificado como Grande Investimento, numa ou mais fases.
Requisitos: Para beneficiar do regime, é necessário um período mínimo de aplicação de três anos e um investimento de 200 milhões de dólares.
Plano de investimento: Deve ser apresentado um plano pormenorizado, que deve ser aprovado pela Autoridade de Execução, que assegurará igualmente o cumprimento da lei aquando da sua aplicação.
Benefícios adicionais: Os projectos superiores a mil milhões de dólares, que posicionem a Argentina como um novo fornecedor significativo a longo prazo nos mercados globais, serão classificados como “Projectos Estratégicos de Exportação a Longo Prazo”.
Estabilidade regulatória: Inclui a garantia de trinta (30) anos de estabilidade regulatória para benefícios especiais, tais como:
Incentivos fiscais: Redução do imposto sobre o rendimento das sociedades, redução do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares sobre os dividendos (aplicável após sete anos), pagamentos do IVA com certificados de crédito fiscal e dedução total do imposto sobre débitos e créditos em contas bancárias.
Incentivos aduaneiros: Isenções dos direitos de importação (incluindo importações temporárias) e isenções dos direitos de exportação (aplicáveis após três anos).
Incentivos cambiais: Disponibilização gratuita de moeda estrangeira.
Incentivos regulamentares: Os benefícios do RIGI aplicam-se mesmo nas Zonas Francas, não há limitações à exportação devido a necessidades de abastecimento interno e não há requisitos obrigatórios de aquisição local ou de desenvolvimento de infra-estruturas impostos pelo Estado.
Incentivos jurisdicionais: Semelhantes aos tratados de proteção recíproca dos investimentos (BIT), incluindo uma proteção jurisdicional alargada.
Benefícios adicionais para projectos de exportação estratégicos a longo prazo (mais de mil milhões de dólares):
Isenção do imposto sobre o rendimento: Para pagamentos no estrangeiro relacionados com determinados contratos, incluindo serviços de transporte, construção e engenharia.
Isenção de direitos de exportação: Entra em vigor dois anos após a adesão ao RIGI, em comparação com três anos ao abrigo do regime geral.
Estabilidade alargada: A possibilidade de prolongar a estabilidade fiscal, aduaneira, cambial e regulamentar por um período máximo de 40 anos.
Regime de promoção mineira
Estabelecido pela Lei nº 24.196 em 1993, o Regime de Promoção da Mineração da Argentina foi concebido para atrair investimentos nacionais e estrangeiros substanciais para o sector mineiro do país. Para serem elegíveis, as entidades devem realizar operações de mineração na Argentina ou estabelecer uma instalação de mineração numa das províncias participantes. O regime abrange várias fases da exploração mineira, incluindo a prospeção, o desenvolvimento, a preparação, a extração e determinadas transformações de minerais.
Os projectos elegíveis podem beneficiar de vantagens fiscais significativas durante um período máximo de 30 anos a partir da apresentação dos estudos de viabilidade. Esta estabilidade fiscal garante que a carga fiscal global – que inclui impostos nacionais, provinciais e municipais – se mantém inalterada, com exceção do IVA e das contribuições para a segurança social. Além disso, o regime prevê disposições para a dedutibilidade fiscal e a amortização acelerada. Os principais benefícios do regime incluem:
Estabilidade fiscal: Os investidores beneficiam de 30 anos de estabilidade fiscal garantida para novos projectos e expansões, protegendo-os de aumentos da carga fiscal total, excluindo o IVA e as contribuições para a segurança social.
Deduções fiscais: Os investidores podem deduzir as despesas relacionadas com a prospeção, exploração e provisões ambientais, e beneficiar de uma amortização acelerada de bens de capital e infra-estruturas.
Reembolso do IVA: O reembolso do IVA está disponível para os custos de exploração, abrangendo tanto bens e serviços novos como usados.
Isenções dos direitos de importação: As isenções dos direitos de importação aplicam-se aos bens de equipamento e aos factores de produção não produzidos internamente.
Além disso, o regime limita as royalties provinciais a 3% do valor dos minerais extraídos e transportados antes do processamento posterior. Este conjunto abrangente de benefícios foi concebido para incentivar o investimento e o desenvolvimento do sector mineiro argentino.
Regime de promoção da economia do conhecimento
O Regime de Promoção da Economia do Conhecimento na Argentina, estabelecido pela Lei nº 27.506, visa promover setores que dependem fortemente de tecnologia e capital humano qualificado. Promulgada em 2019 e actualizada em 2020, esta lei centra-se em áreas como o desenvolvimento de software, a biotecnologia e os serviços electrónicos e de comunicação relacionados. Ao abrigo deste regime, as empresas inscritas podem aceder a diversos incentivos fiscais, nomeadamente:
Crédito fiscal: As empresas recebem um crédito equivalente a 70% das suas contribuições para a segurança social para os trabalhadores envolvidos em actividades elegíveis. Este crédito aumenta para 80% se a força de trabalho incluir mulheres, membros da comunidade LGBTQ+, indivíduos com pós-graduação, pessoas com deficiência ou residentes de áreas desfavorecidas.
Desconto no imposto sobre o rendimento: As empresas podem receber até 60% de desconto no imposto de renda, dependendo do seu tamanho.
Direitos de exportação: As empresas do sector dos serviços estão isentas de direitos de exportação, o que reforça a sua competitividade internacional.
Regime de Fomento Industrial da Terra do Fogo
O Regime de Fomento Industrial da Terra do Fogo, estabelecido pela Lei nº 19.640, oferece benefícios fiscais substanciais para as empresas que operam nesta região. Esta legislação prevê isenções de todos os impostos nacionais sobre as actividades desenvolvidas e os activos localizados na Terra do Fogo, embora alguns impostos específicos possam estar sujeitos a taxas reduzidas. As empresas também podem beneficiar de isenções ou reduções de direitos aduaneiros para a importação e exportação de bens tangíveis. Para poderem beneficiar destes incentivos fiscais, as actividades devem ser exercidas no território da Terra do Fogo.
Conclusão
Em conclusão
A Argentina apresenta um ambiente empresarial complexo mas prometedor para os investidores nacionais e internacionais. Este guia fornece uma visão abrangente dos principais aspectos a considerar ao estabelecer ou expandir operações no país:
Ambiente económico e político: A economia da Argentina, embora enfrente desafios, oferece oportunidades significativas em vários sectores. As recentes reformas visam estabilizar a economia e atrair investimentos estrangeiros.
Quadro jurídico e regulamentar: O país oferece várias opções de entidades empresariais, cada uma com os seus próprios requisitos e vantagens. Compreender estas estruturas é crucial para uma entrada eficaz no mercado.
Regulamentação trabalhista: A Argentina tem leis trabalhistas robustas que protegem os direitos dos trabalhadores. Os empregadores devem estar cientes desses regulamentos para garantir a conformidade e manter relações positivas com os funcionários.
Proteção da propriedade intelectual: O país oferece uma proteção abrangente para várias formas de propriedade intelectual, em conformidade com as normas internacionais.
Tributação: O sistema fiscal da Argentina é multinível, envolvendo impostos nacionais, provinciais e municipais. As recentes reformas, em particular o RIGI, oferecem incentivos atractivos para grandes investimentos.
Incentivos sectoriais específicos: Vários regimes, tais como os da exploração mineira, da economia do conhecimento e de regiões específicas como a Terra do Fogo, proporcionam benefícios específicos aos investidores em sectores-chave.
Comércio internacional: As recentes alterações nos regulamentos de importação e exportação visam simplificar os processos e alinhar-se com as normas globais.
Embora persistam desafios, incluindo a volatilidade económica e a complexidade das regulamentações, a riqueza dos recursos da Argentina, a sua mão de obra qualificada e a sua localização estratégica na América Latina tornam-na um destino atrativo para empreendimentos empresariais. Os esforços contínuos do país para reformar a sua economia e atrair investimento indicam um compromisso para criar um ambiente mais favorável às empresas.
Uma operação bem-sucedida na Argentina requer uma compreensão completa do seu cenário de negócios único, adaptabilidade às condições de mudança e conformidade com as leis e regulamentos locais. Ao aproveitar as informações fornecidas neste guia e manter-se informado sobre os desenvolvimentos em curso, as empresas podem navegar no mercado argentino de forma eficaz e capitalizar suas muitas oportunidades. Kreston BA está aqui para ajudar-te a navegar nas complexidades de fazer negócios na Argentina. Nossa equipe de profissionais experientes oferece uma ampla gama de serviços adaptados às tuas necessidades específicas, incluindo:
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